sexta-feira, maio 22, 2009

O elementar sobre a diabetes

5/3/2009 - O Ribatejo

A diabetes é uma doença crónica. Contrariamente a uma ideia arreigada, as complicações dela decorrentes não se relacionam apenas com o aumento do açúcar no sangue (isto é, a glicemia elevada) mas com um conjunto de alterações como o colesterol e os trigliceridos elevados, hipertensão, obesidade, entre outras manifestações.

É por estas razões que a diabetes depende de muitos factores, obrigando ao tratamento de todos, em simultâneo. Esta doença, quando não controlada, é responsável por graves complicações, como sejam a insuficiência renal, a cegueira, as doenças cardiovasculares (angina de peito, trombose, enfarte, hipertensão...), amputações (de dedos dos pés e pernas) e diminuição da sensibilidade.

Vulgarmente, considera-se que existem dois tipos principais de diabetes: a chamada "tipo 1", que é bastante comum em crianças, começando bruscamente e obrigando ao tratamento com insulina toda a vida, e a "tipo 2", que não tem sintomas durante os primeiros anos, detectando-se frequentemente como consequência do aparecimento de uma complicação, por exemplo, uma trombose, um enfarte, a necessidade de uma amputação ou cegueira. A diabetes tipo 2 abrange 90% dos diabéticos. Surge habitualmente na idade adulta, embora nos últimos anos se tenham começado a detectar crianças com este tipo de diabetes, sobretudo devido a situações de obesidade.

Os fatores que mais determinam o aparecimento desta doença são a existência de familiares com a patologia, a obesidade e a falta de actividade física. Calcula-se que exista cerca de meio milhão de diabéticos no nosso país. A sua prevenção e tratamento exigem uma educação global da população.

É possível prevenir a diabetes, mesmo em pessoas com familiares diabéticos, desde que consiga manter um peso ideal, praticar atividade física regular e um regime alimentar adequado.

O tratamento do diabético é obrigatoriamente constituído por medicamentos e um quadro de medidas preventivas. Como a diabetes tipo 2 tem um início silencioso, um dos grandes problemas que coloca relaciona-se com o diagnóstico tardio, pelo que é recomendável que todos aqueles que possuam os fatores de risco atrás enunciados vigiem periodicamente o açúcar do sangue para que se inicie rapidamente o tratamento e se possa atrasar e evitar as complicações mencionadas.

Dada a necessidade de vigilância, educação e informação do diabético (ou das pessoas em risco de o ser), há mais de 15 anos que os farmacêuticos portugueses estão a colaborar com as equipas de saúde junto dos diabéticos. Esta participação integra-se nos cuidados farmacêuticos na diabetes e contribui para a melhoria do controlo do doente e prevenção de eventuais complicações.

Nos países desenvolvidos, cerca de cinco por cento dos diabéticos têm problemas com os pés, chegando a representar 40 por cento dos recursos em cuidados de saúde. A maioria das amputações começa com uma úlcera do pé. Calcula-se que um em cada seis diabéticos desenvolva uma úlcera no pé durante a vida, e que, na maioria dos casos, estas úlceras e amputações podem ser prevenidas.

De facto, a generalidade das amputações pode ser evitada se houver um bom controlo da diabetes, uma vigilância regular e cuidados com os pés, bem como uma boa sensibilização dos doentes. O aparecimento de qualquer pequena ferida num pé obriga a uma consulta médica imediata.

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